Agradecimento

 

Era uma vez um bobo rapaz que, em tempo de guerra, esperava a paz.

Sentado num tronquinho, com as pernas pelo ar.

Diziam-lhe inocente, infantil e malcriado,

moleque, traquinas e vagabundo

só por manter suas jovens pernas balançando no ar

aguardando a paz…

 

Sentado sem alcançar

nem chão, ainda perto,

nem paz, bastante longe.

Ele não queria por nada levantar…

 

Levantar para que…???

 

Em meio à guerra se isolava.

Das invejas ele se preservava.

Das paixões se resguardava e

dos amores queria

ser um mero espectador.

 

Um dia se levantou

para dar uma espiada.

Viu um mundo louco,

de buzinas e faróis,

de matanças e desgraças,

pessoas mutiladas…

 

caiu desesperado,

sem forças para

sequer se levantar

e ali,

por si mesmo

estendido ficaria,

até o fim dos seus dias,

à espera de uma paz

que jamais viria,

para talvez levantá-lo…

 

Esperaria no chão,

chutado por aqueles

que pregam cartazes de caridade e compaixão

nos altos muros das igrejas…

 

Ele chegou a gritar,

porém ninguém o ouviu.

 

Os muros eram cada dia mais altos

e nas igrejas falava-se alto, bem alto,

sobre outros assuntos, diversos da bondade. 

 

Felizmente, então,

aconteceu-lhe algo bom,

reflexão,

um violeiro veio de longe e,

com sua viola no ombro,

cantando uma melodia nova e,

sem pensar no lucro de tal ação,

estendeu-lhe a mão…

 

Com a força que o menino julgava não ter

agarrou.

E tão forte foi aquele abraço

que até hoje ainda resta

dele um bom lembrar,

uma saudade…

 

A viola de um desconhecido violeiro

continua a conduzir o escrever de um agradecimento

que não teria sentido aparente… um solo…

 

À viola de um desconhecido violeiro,

obrigado, agradecido por tudo!

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