AOS NAMORADOS UM DIA
sobre o que pode ser o amor?A novidade de ontem não pode ser a de hoje!
[…]
Subindo as ruas da cidade
encontrei-me comigo.
E eu, que estava sozinho,
era um neném a depender dos outros.
Neste único e crucial dia
a proposta encabulada
é reinventar revertidamente
o que pode ser o amor.
Sem práticas, sem palavras,
sem nada ausente,
retornar.
Descobrir por si mesmo
na realidade que temos
onde esconde-se o tormento.
O amor é duro
o amor é planta
o amor é sal e o amor é doce.
Conceitos, ações,
presente ou futuro,
passado ou tradição,
a placa que nos indica
como devemos proceder:
o amor é logo ali,
na loja de biscoitos
na loja de carnes,
na farmácia.
Sente o amor no ar?
Sente-o em talvez em ti?
Mas de que forma criado?
Será um monstro ou um anjo
quem à noite se deita ao teu lado?
Amor é coisa de gente
ou o bicho também sente
que amar é natural?
Terá na terra amor maior
que a água para os peixes?
[…]
A repetição, o que nos causa,
a repetição ininterrupta
desta palavra: Amor?
Teremos nós, os modernos, tempo
para pensar em como produzir amor?
Há no mercado
que seja um pequeno espaço
onde possamos encontrá-lo?
[…]
Pressa, fome, saudade…
são tantos os sinônimos de amor…
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