Archive for the Fora de Conjunto Category

AOS NAMORADOS UM DIA

Posted in Fora de Conjunto on novembro 19, 2013 by alvaroromao
Sabe aquilo que te ensinaram
sobre o que pode ser o amor?A novidade de ontem não pode ser a de hoje!

[…]

Subindo as ruas da cidade
encontrei-me comigo.
E eu, que estava sozinho,
era um neném a depender dos outros.

Neste único e crucial dia
a proposta encabulada
é reinventar revertidamente
o que pode ser o amor.

Sem práticas, sem palavras,
sem nada ausente,
retornar.
Descobrir por si mesmo
na realidade que temos
onde esconde-se o tormento.

O amor é duro
o amor é planta
o amor é sal e o amor é doce.

Conceitos, ações,
presente ou futuro,
passado ou tradição,
a placa que nos indica
como devemos proceder:
o amor é logo ali,
na loja de biscoitos
na loja de carnes,
na farmácia.

Sente o amor no ar?
Sente-o em talvez em ti?
Mas de que forma criado?
Será um monstro ou um anjo
quem à noite se deita ao teu lado?

Amor é coisa de gente
ou o bicho também sente
que amar é natural?

Terá na terra amor maior
que a água para os peixes?
[…]

A repetição, o que nos causa,
a repetição ininterrupta
desta palavra: Amor?

Teremos nós, os modernos, tempo
para pensar em como produzir amor?

Há no mercado
que seja um pequeno espaço
onde possamos encontrá-lo?

[…]

Pressa, fome, saudade…
são tantos os sinônimos de amor…

Agradecimento

Posted in Fora de Conjunto on agosto 17, 2013 by alvaroromao

 

Era uma vez um bobo rapaz que, em tempo de guerra, esperava a paz.

Sentado num tronquinho, com as pernas pelo ar.

Diziam-lhe inocente, infantil e malcriado,

moleque, traquinas e vagabundo

só por manter suas jovens pernas balançando no ar

aguardando a paz…

 

Sentado sem alcançar

nem chão, ainda perto,

nem paz, bastante longe.

Ele não queria por nada levantar…

 

Levantar para que…???

 

Em meio à guerra se isolava.

Das invejas ele se preservava.

Das paixões se resguardava e

dos amores queria

ser um mero espectador.

 

Um dia se levantou

para dar uma espiada.

Viu um mundo louco,

de buzinas e faróis,

de matanças e desgraças,

pessoas mutiladas…

 

caiu desesperado,

sem forças para

sequer se levantar

e ali,

por si mesmo

estendido ficaria,

até o fim dos seus dias,

à espera de uma paz

que jamais viria,

para talvez levantá-lo…

 

Esperaria no chão,

chutado por aqueles

que pregam cartazes de caridade e compaixão

nos altos muros das igrejas…

 

Ele chegou a gritar,

porém ninguém o ouviu.

 

Os muros eram cada dia mais altos

e nas igrejas falava-se alto, bem alto,

sobre outros assuntos, diversos da bondade. 

 

Felizmente, então,

aconteceu-lhe algo bom,

reflexão,

um violeiro veio de longe e,

com sua viola no ombro,

cantando uma melodia nova e,

sem pensar no lucro de tal ação,

estendeu-lhe a mão…

 

Com a força que o menino julgava não ter

agarrou.

E tão forte foi aquele abraço

que até hoje ainda resta

dele um bom lembrar,

uma saudade…

 

A viola de um desconhecido violeiro

continua a conduzir o escrever de um agradecimento

que não teria sentido aparente… um solo…

 

À viola de um desconhecido violeiro,

obrigado, agradecido por tudo!

Maciez

Posted in Fora de Conjunto on agosto 7, 2013 by alvaroromao

Onde é que se esconde
o recurso que não se explora?
Onde está o tesouro?
Que é isso que ninguém vê?

Passeios, parques, conchas
por dentro do ser se elevam flores
nas intocadas alturas morais
se esconde o que?

TRISTEZA DE COMPOSITOR

Posted in Fora de Conjunto on agosto 2, 2013 by alvaroromao

alvaro romao

Na festa, que samba!!!

Ninguém diria que aquele
ser macambúzio e mal vestido
que não participava do coro
que não batia caixinhas de fósforo
que não bebia e nem sorria
não dançava como os outros
nem com as meninas mexia
e não tocava na carne
era ele mesmo, sorumbático
o próprio compositor.

Faltava a ele
dos compositores a alegria,
a verborragia dos letristas
o gingado dos sambistas
o ego inflado dos artistas.

Era um ser cabisbaixo.
Baixo, calado, não via.

Em volta a sua agonia:
não respeitavam a melodia.

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DAS COISAS QUE SÃO IMPORTANTES

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Mas, na vida, que há de importante?
Poucas coisas têm muita importância.
E vais fazer o que com isso?
Eu? Vou continuar escrevendo.

A CIDADE DAS ANDORINHAS

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Na semana que passou
uma ave pequenina
planejava sua vida.

Vôo em vôo ela ía
buscar galhos e folhinhas
pra esquentar sua casinha.

E o ninho dia a dia
crescia na figueira
tão frondosa e tão bonita.

Mas o tempo mudou
e agora já não há nem ninho
nem ave, nem figueira.

Vibra o ar
que anda medroso
sem a ave que antes tinha

Voam pedras
balas, gás
e quentes granadinhas.

MATEMÁTICA

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

São dez delegacias para cada cidadão.
São cinco promotores para cada defensor.

A poesia desta conta é a falta de poesia
em meio a tantos carros blindados.

o QUE HÁ SOBRE NÓS

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Sobre tudo não há Deus. Há o gás lacrimogênio.

SEMPRE TEM UM MAS

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Toda senhora queria saber escrever,
todo senhor queria saber cantar,
todo mundo queria ser feliz,
mas todo mundo prefere se matar.

QUE…

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Qual quer um que seja bom?
Quer ser mas não quer?
Não há mas nem se?
E se não?
Ar?

SACODE

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

AS CICATRIZES AO INVES DE FECHAREM SE ABREM
MAS PARA DENTRO
E EU VOU PASSANDO BANDAGEM, BAND-AID, MERTIOLATE
E A INFECÇÃO ME TOMA DE ASSALTO
LEVA MINHAS FORÇAS NO PUS
E JÁ NEM DOI
ARDE
ESTE CORAÇÃO QUE APANHA

O rosto

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

A criança um dia precisa se esconder
para dar lugar às rugas de um rosto
um rosto que é novo de esperança.

As marcas de cada trecho de vida
as dores, os sonhos, a vida
expressa em olhos, lábios, na pele.

foto alvaro2

A ADIVINHAÇÃO NÃO É POSSÍVEL

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Quem sabe a hora que já passou?
quem sabe do que não viu?

Nada de adivinhação!

O vinagre no olho não é seco,
ele molha o sangue pisado.

O QUE É AMAR?

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Amar é amar.
não menos
nem mais!

O TORPOR É QUASE UM CRIME

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Namoro de portão,
na escuridão dos olhos.

Dança dos corpos
com tesão.

Toque profundo
que sublima a pele
de espíritos pares.

O bafo quente
de um beijo na nuca.

Espermas, caídos, espasmos, tremem.

Amantes em êxtase,
suor e lágrimas.

Marcas do ontem.
O esquecimento.

O valor dessas coisas
está inscrito na dor da ausência.

O torpor é quase um crime.

Queijo cremoso.

Fome de pelos.

é o silêncio que aumenta e reduz
a vida dos que amam.

A DOR QUE VOCÊ NÃO VIU

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Se você quer saber, doeu sim.
Uma dor que não era vento.
Uma dor que não era seca.

Uma dor estrada pavimentada.
Era uma ponte entre eu e o incerto.
Entre o sentimento meu e o nada.

Quando você subiu eu já previa
que a descida seria dura.
E como arde a descida…

Mas quem? Quem poderia?
Frente a dores tão ardidas
manter-se firme e são?

A altivez fora dobrada à força.

E não há moça mais injusta
que esta que me arrepia.
Quando quer elogiar ela me sacia
e quando quer me matar me elogia?

Para os sábios é entender;
Para nós, pessoas, é sofrer.

PRINCÍPIO DE INTIMIDADE

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Sentados lado a lado
no silêncio uma conversa
sem uma palavra
a conversa mais sincera.

Olhos injetados nos olhos
o tempo que pára
bocas secas, mãos molhadas
e o amor se esvai.

O tempo esquenta
as verdades são ditas
o calor esfria
e não há mais.

São só olhos injetados nos olhos
na ilusão saudosista
de calores de outrora
para um inverno presente.

TRISTEZA DE COMPOSITOR

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Na festa, que samba!!!

Ninguém diria que aquele
ser macambúzio e mal vestido
que não participava do coro
que não batia caixinhas de fósforo
que não bebia e nem sorria
não dançava como os outros
nem com as meninas mexia
e não tocava na carne
era ele mesmo, sorumbático
o próprio compositor.

Faltava a ele
dos compositores a alegria,
a verborragia dos letristas
o gingado dos sambistas
o ego inflado dos artistas.

Era um ser cabisbaixo.
Baixo, calado, não via.

Em volta a sua agonia:
não respeitavam a melodia.

BUSCA POR UMA QUIMERA-INSTANTE

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Todos os dias
uma ou duas vezes
eu me ponho em seu rastro
procurando o menor sinal de sua passagem
signos de vida
fractais de sua presença
calores.

Procuro sem cansar
porém fico numa lástima
Ora! De que adianta procurar
se o que quero,
aquilo que busco, sei
que nunca vou achar.

Vôo atrás dos seus cheiros
em virtuais pensamentos telepáticos
corro atrás dos seus cheiros
em radiais encontros inconstantes
sinto atrás dos seus cheiros
que já não é como era antes
mais que tudo busco seus cheiros
e vejo-me na ilusão de ser instante.

Assim me acho,
não calo quando me traio
e me exponho
meus seis peitos em pedaços
todos abertos
feridas que brilham a luz de tuas retinas
e somos sós, pós,
nós que por nós mesmos foram dados
jamais desatados
choro convulso desperto
que é só planos
de um filho
um amanhã
um pinto de paz na cesta de café da manhã.

ESTIAGEM

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Quem inventou o inverno?
O ar seco que a tudo seca?
Os animais gelados e mortos?
E as dores congeladas dores?
(?)

Quem inventou o verão que nunca chega?
Quem inventou o calor que queima a palha seca?

Céus!
Natureza…

Aquecimento frio.
Confusão.

(o Cupido bebe Água de Coco doce para aplacar a sua sede)

———————————–
Os animais gelados mortos
não sabem da sede do verão
morrem no inverno
secos e frios
como estes invernos são.
———————————–

(…)

nas ruas da cidade de São Paulo
mendigos morrem felizes:
é o frio que os mata.

A VIDA QUE NÃO É MAS É

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Quem deu a mim a poesia?
quem me fez melhor que antes?
Quem sabe foi um rio de mortes
quem sabe foi uma chama que eu chamei de mãe.

Pensava que seria bom:

Quem dera se fosse azul
toda a paz deste planeta
num parto, nunca dor
sem vermelhos que não choram, sangram.

Seria calmo sonhar
seria, seria, seríamos ar
mas não seríamos nada

Que tem tudo que de belo encanta
vi que é fundo o poço que nos aumenta
e nos arbustos cresce a esperança.

A manhã não será virgem
As pulsões serão de flores,
ou não serão pulsões
As pulsões de um bate-que-bate
cores… figos… doces…

O mole cantar de um arrepio-pássaro
juba de abelha acesa ao sol
danças das nuvens de gente…

Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromao

Álvaro Romãofoto alvaro2

PLANOS DE ARTISTA

Posted in Fora de Conjunto with tags on julho 30, 2012 by alvaroromao

Meu plano era ser palma
meu plano era ter alma
ser ave e poder voar
sem saber onde eu
deveria pousar.

Meu plano era ter um milhão
meu plano era ser da arte
mas meu plano não deu certo
o que havia de certo
em mim
não era meu.
Placas montadas
no meu ser:
O que havia de bom
o que eu precisava pra vida
estava no outro
na globalização mercantil dos sentimentos.

Meu plano era não morrer
e, se morto, abençoado ir pro céu.
Mas não deu:
a morte me espera na esquina
com uma faca
ou numa cama de hospital
ou na mão de um policial
estou nos planos da morte
e a morte não me dá mais tempo.

As crianças escondidas

Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromao

Maça contundência
policial vontade
presteza arranha-céu
docilidade pé-de-moleque
começo criança
meio adulto
velho fim
Morte Sinistro
Benção Deus
Infinito Magia
matança
natureza
Cheiro Corno
Casca Comboio
Creme Pasta
Corte Faca
Casto Coito
Corte Cama
Colo Pente
Cova Cava\
Campo Claro
Canto Morte
Corte
Catorze por quarenta
Mata doze por semana
é um grande batalhão!
Quase fica o morro todo no chão
é muito tiro que explode
E nos corpos se colam, feito sanguessugas
E os corpos caem ou correm
Mataram a doninha do Armazém
E o Juninho que cortava os cabelos
A comunidade já não é mais a mesma
Chegaram ao Joquinha
Que calava a boca do povo
com seu sambacolejo de bêbado
Quase levaram-lhe a filha, pobre coitado
Mataram a tropa de cães vadios
As crianças já não podem sair
Engoli todo este tempo
toda esta droga
E toda a casa foi invadida
Antes só a minha
Mas as dos vizinhos, notei
são invadidas com mais delicadeza
Mas, como eu
os vizinhos escondem as crianças.
Há uma praia
uma praça
um canto de jardim
aberto ao campo
lugares agradáveis
vigiados policiados observados
sôfregos guardas
assassinos disfarçados de civis
só esperam a hora exata de agir
Voltar à ativa
da cadeira elétrica
A vida que é essa
asca vida
… Voltar à
Ativa!

Faca afiada

Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromao

Eu quero uma casa

pra morar e preparar

o plano do futuro

é preciso planejar

isca morta

falsa morte

quero a vida

quero a porta

a janela

dois andares

uma casa

seja torta

pra morar e planejar

o plano do futuro

é preciso planejar

uma casa

uma forma

de morar

a gaveta

que guarde

a faca

afiada.

A tristeza por dentro da flor

Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromao

Há um grande obstáculo a ser vencido.

Há em todos nós uma força.

Há amor onde há pessoas.

Há tristeza por dentro de todas as mansões.

Há calafrios em todas as noites.

E há mulheres em todas as religiões.

 

Há um grande inimigo a ser vencido.

Há em todos nós uma venda.

Há amor onde há pessoas.

Há tristeza por dentro das vendas.

Há o ar frio das noites.

E há mulheres, algumas jovens, à venda.

 

Há uma certeza a ser vencida.

Há em todas nós uma dor.

Há amor onde há pessoas.

Há tristeza por dentro da flor

Há o querer não ser das noites

E há mulheres que cheiram orvalho

 

Há uma noite a ser vencida

Há em todos nós uma certeza.

Há amor onde há pessoas.

Há tristeza por dentro, acesa.

Há na vida presente açoite.

E há mulheres, sabidas presas.

Desejo colorido

Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromao

Quero uma lua nova

branca de esperança

uma casa rosa.

uma dor que alcança.

a intocável e azul beleza.

O Dinheiro

Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromao

Fruto colorido
da injusta exploração
Se me sobra fico besta
Se me falta morro cedo
O dinheiro, esta alegria
não atinge o coração
pois quando chega logo vai
fica a saudade, a solidão.

Vais colher umas flores no campo

Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromao

As torrentes de gente que vivem sem ver-se

perdidas

as minguantes apodrecidas casas luxuosas

vendidas

E o martírio diário que guarda os segredos

das empobrecidas

 

Esta força latente, sofrida,

esta morte presente, vivida

este porte da gente, caída

 

Contraditas as feitas

destruídas as chagas

toda as sortes vencidas

Agora vais colher umas Flores no Campo

Não há vida sem colher umas Flores no Campo.

Choro atrasado

Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromao

Saio de casa um ano antes de te encontrar,

mas quando chego, já é tarde, talvez cansada das esperanças

tenhais saído louca a soluçar

num outro tempo ainda, devagar.

Sempre atrasado, macambúzio

meu prisioneiro íntimo

um choro que quer se libertar

lágrimas que buscam juntar à chuva pra ir pro mar.