Archive for the Uncategorized Category

AOS PÉS DE SANTA TERESA

Posted in Uncategorized on agosto 1, 2018 by alvaroromao

 
Subindo as tuas ladeiras

procuro me encontrar

eu procuro teus bondes,

teus trilhos de asfalto

que escondem

sob o trilhar

tantas lágrimas escravas

tantos gritos no ar.

 

Em tuas ladeiras se esconde

o Sol e, nele, o meu lugar.

 

 

Santa Teresa dos condes

Europa mais negra que há

É feita pelos teus pobres

que madrugam ao ir trabalhar

Santa Teresa dos Pobres

Não és só descida,

que tuas mil escadas

me levam ao sol,

ao céu,

que se põe sob os arcos

de um aqueduto do tempo.

 

 

Santa Teresa dos fortes,

te encontro sempre a brilhar,

com as cores da tua gente,

tuas dores

a revelar

que o Rio é um braço largo,

que te abraça,

a descansar.

 

 

 

Santa Teresa das Flores

Abra-te ao sol do amanhã

Que a natureza tão doce te aponta

um cruel sentimento de paz.

 

 
E, em Santa Teresa(…),

subindo ou descendo(…),

encontro a paz nas ladeiras(…)

paz do trabalho(…)

da feira(…)

de um dia…

 

 
Santos que moram na terra

sobre a baía

que apodrece…

aos pés de Santa Teresa.

Sangue amigo

Posted in Uncategorized on janeiro 16, 2017 by alvaroromao

amigo

se teu corpo não sangra

se em teu leito não sonhas

se eu e você já não somos

 

amigos

se nós já não nos gostamos

nos apaixonamos por outros ouros

e nossos olhos só vêem dor

 

amigo

se teu peito expulsa a cor dos meus ais

se teu retolhar é baço

e se no porto tempestades rugem

nada mais

 

amigo

nada mais

teu sangue quente ferveu

evaporou e subiu

pra cabeça vã

vaga de amor

amigo

não mais.

 

O dia de Ontem

Posted in Uncategorized on abril 17, 2014 by alvaroromao

Impressão minha ou a polícia está filmando, com uma câmera de vídeo enorme, o rosto da pessoa detida?
É impressão minha ou é polícia demais para manifestantes de menos?
É impressão minha ou sim estamos à beira de uma ditadura?
É impressão minha ou as polícias, com apoio de partes das forças armadas, estão planejando tomar o poder pelo golpe de força?
É impressão minha ou esta foto foi tirada a cinquenta anos atrás?
É impressão minha ou só por escrever isto eu já me coloco em risco de morte?
É impressão minha ou é covardia?
É impressão minha ou a polícia é o bandido pago pelo estado?
É impressão minha ou ser espancado pela polícia é entendido como coisa normal entre nós?
É impressão minha ou gostamos mesmo de apanhar?

O VENTO

Posted in Uncategorized on abril 10, 2014 by alvaroromao

LEVA A SEMENTE LONGE

ENTRE O QUENTE E O FRIO

CAI NO SOLO ÚMIDO

CAI NO PASTO SECO

CAI NO SOCO MURRO

CAI NA VALA O BURRO

CARREGA TODO O PESO

E NÃO TEM TEMPO PRO ESTUDO

CACHAÇA QUE TEM MUITO

ALCUNHA DE VAGABUNDO

E A MORTE QUE VEM VINDO

E ATRÁS DE SI O MUNDO

O VENTO CAI NO SOLO ÚMIDO

A roda da Roda

Posted in Uncategorized on abril 10, 2014 by alvaroromao

.

A primeira roda era rudimentar

mas melhoramos bastante

 

Parte por parte vimos o todo

A melhor roda está por criar

 

Rolo compressor, carrinho de feira,

carrinho de mão, rolo de massa.

 

Rodas de carros levam vidas.

 

Rotas de cálculos fazem círculos.

 

E a roda gigante gira solene.

 

A rota do eixo é sem lembrança.

Missiva

Posted in Uncategorized on abril 10, 2014 by alvaroromao

Esta Carta de Amor

Não terá data, carimbo ou remetente

 

Esta Carta de Amor

será mais uma

que jamais será entregue

 

O amor que não se dá

é a carta não enviada

é a mãe que espera o filho

que não vai mais chegar.

 

Lateja no papel

minha assinatura sémen

que o período não é fértil.

 

O envelope sempre aberto

espera a cola de fechar

valor, malote, selar.

A tristeza asfalto

Posted in Uncategorized on março 29, 2014 by alvaroromao

Carpete de casas, homens ácaros
Pulgas mulheres pulam de suas camas

Há matas verdes e espaçadas, quase perdidas
matas esparsas no grande cinza que cobre as casas.

Serpenteia entre os lares cortiços
a cobra canoa do lixo,
o dejeto esgoto,
coleta o sangue dos fracos,
carrega a alma dos sóbrios,
sabe-se lá
em que poço desova.

A luz sobre esses pântanos,
poluída luz do sol,
faz quem espera à noite
até desprezar o arrebol.

Parece que há uma enchente.
Falo por que vejo homens com nadadeiras,
escamas e anzóis a furar-lhes as bocas de peixe.

Prédios coloridos… Possível elegia da cidade.

Engolindo sapos

Posted in Uncategorized on março 29, 2014 by alvaroromao

Um grande sapo
se achava o rei da lagoa.

Aguardava, e os mosquitos
que voavam distraídos
eram surpreendidos no ar
e viravam comida do sapo.

Se os mosquitos fossem
mais espertos e mais rápidos
padeceria de fome o sapo
que se achava o rei da lagoa.

ETERNAS CRIANÇAS

Posted in Uncategorized on março 26, 2014 by alvaroromao

 

1 A GRANDE VANTAGEM

—SÃO OS ADULTOS QUE MANDAM NO MUNDO
—CONTROLAM AS CRIANÇAS COM MÃOS DE AÇO
—E EMBORA SEJAM OPRIMIDAS E EXPLORADAS NA INFÂNCIA
—TODA CRIANÇA TEM SOBRE OS ADULTOS UMA VANTAGEM
—O PONTO DE VISTA CHEIO DE ALEGRIA E CURIOSIDADE
—NÃO HÁ NADA MAIS BELO E PURO QUE O OLHAR DE UMA CRIANÇA

2 UM AMOR DE MENINA

—ANTONINHO TINHA 7 ANOS DE IDADE QUANDO CONHECEU JOANA
—JOANA ERA UMA CRIANÇA LINDA
—SÓ VESTIA ROUPAS BRANCAS
—E TINHA O CORAÇÃO MAIOR QUE O MUNDO
—ANTONINHO GOSTAVA DE PASSEAR COM JOANINHA
—QUANDO ESTAVAM JUNTOS JOANA SEMPRE SORRIA UM BELO SORRISO
—E ANTONINHO FICOU APAIXONADO
—JOANA ERA SUA PAIXÃO DA INFÂNCIA
—E JOANA ERA UMA CRIANÇA
—DE 83 ANOS DE IDADE

3 AS NUVENS

—ALBERTO ENSINOU SEU FILHO A VER DESENHOS NAS ÁRVORES
—TAL COMO SEU PAI O ENSINOU UM DIA
—E JUNTOS POR ANOS VIAM AS NUVENS PASSAR

4 SUPERMERCADO

—CAIO TINHA 4 ANOS QUANDO ANALISOU O MERCADO
—RAPIDAMENTE ENTENDEU QUE AS PESSOAS ENCHIAM OS CARRINHOS
—E LEVAVAM PRA CASA COMIDAS E OUTROS PRODUTOS
—QUANDO LA ESTEVE PEGOU UM CARRINHO PRA SI E O ENCHEU DE BISCOITOS, FRUTAS, PÃES E DOCES.
—NA ÁREA DOS CAIXAS DESCOBRIU QUE TERIA QUE PAGAR PELOS PRODUTOS
—O MERCADO, AOS OLHOS DE CAIO, HAVIA PERDIDO TODO O ENCANTO

o CAMINHO DE IDA QUE TRAZ DE VOLTA

Posted in Uncategorized with tags on novembro 19, 2013 by alvaroromao
O caminho sinuoso e cheio de pedras
parece mais duro que a subida ao céu,
e até nos platôs mais firmes,
naqueles belos momentos mirantes
em que podemos sentar, conversar
e ver o tempo longe no espaço passar,
não há descanso possível
pois sabemos que virá outra curva
e outra parte de um caminho inexplorado.

Curvas, cumes, vales secos e rios;
a natureza fecunda, que abre seus braços
convida, leva-nos mais longe
em nossos caminhos.

E podem surgir por entre as rochas
serpentes, chacais, raposas e aranhas
nada que toque-nos de modo fatal, a morte
quando andarmos atentos por caminhos remotos.

É certo que um dia o deserto virá.
E o rio será a mais bela lembrança.
A água antiga, corrida entre veias de terra
que empoçava os buracos da estrada
de nosso ponto de partida.

Lamaçal, lagos, cachoeira
parque aquático natural
a fonte de nossas vidas
a seiva de nossas raízes nos dirão 
que o caminho é mais que ir
descobrir, explorar..
mais conhecido
(mais adultos)
o caminho nos propõe voltar…

E quem foi covarde pra não ir
jamais poderá tornar,
mas pra quem teve o ímpeto
a coragem de invadir, conhecer, buscar
será mais fácil o retorno encontrar.

Pois que toda volta é outra ida.
Reencontro. Base velha.
A casamata abandonada
que ainda servirá.

Quando encontrar
não será tarde, nem cedo. 
Será o tempo de estar.

Aquele canto distante
que um dia ficara pra trás
será também nosso rumo
novo, caiado, necessário.
e as pedras da ida,
serão antigas amigas,
com quem sentaremos para conversar…

Álvaro Romão – (S) —> (N) —> (S) […]

AS DUAS IRMÃS

Posted in Uncategorized on novembro 19, 2013 by alvaroromao

A alegria me procurou.
Veio falar-me da tristeza.

A Alegria tocou-me a campainha.
Quando eu abri a porta
quem entrou foi a tristeza.

Mandei a tristeza embora
A alegria foi junto.

NO ROMANTISMO, O CHORO, A CONVULSÃO

Posted in Uncategorized with tags on novembro 4, 2013 by alvaroromao

Dormi, no caminho passei do ponto

Uma lágrima para cada morto

a nossa aldeia chora.

 

O governo, que dor! É ele o carrasco.

Belo Monte é o progresso.

E são tantas lágrimas

que no tempo não cabe

uma lágrima para cada morto

— Por quinhentos anos chorar

— cento e vinte dores por minuto

— vivendo e chorando os anos

— e a conta não vai fechar.

 

Quem vier depois que chore

que resgate a minha dor

Nem que o mundo todo

tolo chorasse

ainda assim não se teria

uma lágrima para cada morto.

REALIZANDO SONHOS

Posted in Uncategorized on novembro 4, 2013 by alvaroromao

É de verdade!
Não é sonho, nem
impossível.

O real é surpresa,
enquanto o sonho
é previsto.

O real, na natureza
é o que acontece
na vida.

o sonho não acontece
espera, aguarda espaço
quem sabe um dia…