Toda senhora queria saber escrever,
todo senhor queria saber cantar,
todo mundo queria ser feliz,
mas todo mundo prefere se matar.
SEMPRE TEM UM MAS
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoQUE…
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoQual quer um que seja bom?
Quer ser mas não quer?
Não há mas nem se?
E se não?
Ar?
SACODE
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoAS CICATRIZES AO INVES DE FECHAREM SE ABREM
MAS PARA DENTRO
E EU VOU PASSANDO BANDAGEM, BAND-AID, MERTIOLATE
E A INFECÇÃO ME TOMA DE ASSALTO
LEVA MINHAS FORÇAS NO PUS
E JÁ NEM DOI
ARDE
ESTE CORAÇÃO QUE APANHA
O rosto
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoA ADIVINHAÇÃO NÃO É POSSÍVEL
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoQuem sabe a hora que já passou?
quem sabe do que não viu?
Nada de adivinhação!
O vinagre no olho não é seco,
ele molha o sangue pisado.
O QUE É AMAR?
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoAmar é amar.
não menos
nem mais!
O TORPOR É QUASE UM CRIME
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoNamoro de portão,
na escuridão dos olhos.
Dança dos corpos
com tesão.
Toque profundo
que sublima a pele
de espíritos pares.
O bafo quente
de um beijo na nuca.
Espermas, caídos, espasmos, tremem.
Amantes em êxtase,
suor e lágrimas.
Marcas do ontem.
O esquecimento.
O valor dessas coisas
está inscrito na dor da ausência.
O torpor é quase um crime.
Queijo cremoso.
Fome de pelos.
é o silêncio que aumenta e reduz
a vida dos que amam.
A DOR QUE VOCÊ NÃO VIU
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoSe você quer saber, doeu sim.
Uma dor que não era vento.
Uma dor que não era seca.
Uma dor estrada pavimentada.
Era uma ponte entre eu e o incerto.
Entre o sentimento meu e o nada.
Quando você subiu eu já previa
que a descida seria dura.
E como arde a descida…
Mas quem? Quem poderia?
Frente a dores tão ardidas
manter-se firme e são?
A altivez fora dobrada à força.
E não há moça mais injusta
que esta que me arrepia.
Quando quer elogiar ela me sacia
e quando quer me matar me elogia?
Para os sábios é entender;
Para nós, pessoas, é sofrer.
PRINCÍPIO DE INTIMIDADE
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoSentados lado a lado
no silêncio uma conversa
sem uma palavra
a conversa mais sincera.
Olhos injetados nos olhos
o tempo que pára
bocas secas, mãos molhadas
e o amor se esvai.
O tempo esquenta
as verdades são ditas
o calor esfria
e não há mais.
São só olhos injetados nos olhos
na ilusão saudosista
de calores de outrora
para um inverno presente.
TRISTEZA DE COMPOSITOR
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoNa festa, que samba!!!
Ninguém diria que aquele
ser macambúzio e mal vestido
que não participava do coro
que não batia caixinhas de fósforo
que não bebia e nem sorria
não dançava como os outros
nem com as meninas mexia
e não tocava na carne
era ele mesmo, sorumbático
o próprio compositor.
Faltava a ele
dos compositores a alegria,
a verborragia dos letristas
o gingado dos sambistas
o ego inflado dos artistas.
Era um ser cabisbaixo.
Baixo, calado, não via.
Em volta a sua agonia:
não respeitavam a melodia.
BUSCA POR UMA QUIMERA-INSTANTE
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoTodos os dias
uma ou duas vezes
eu me ponho em seu rastro
procurando o menor sinal de sua passagem
signos de vida
fractais de sua presença
calores.
Procuro sem cansar
porém fico numa lástima
Ora! De que adianta procurar
se o que quero,
aquilo que busco, sei
que nunca vou achar.
Vôo atrás dos seus cheiros
em virtuais pensamentos telepáticos
corro atrás dos seus cheiros
em radiais encontros inconstantes
sinto atrás dos seus cheiros
que já não é como era antes
mais que tudo busco seus cheiros
e vejo-me na ilusão de ser instante.
Assim me acho,
não calo quando me traio
e me exponho
meus seis peitos em pedaços
todos abertos
feridas que brilham a luz de tuas retinas
e somos sós, pós,
nós que por nós mesmos foram dados
jamais desatados
choro convulso desperto
que é só planos
de um filho
um amanhã
um pinto de paz na cesta de café da manhã.
ESTIAGEM
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoQuem inventou o inverno?
O ar seco que a tudo seca?
Os animais gelados e mortos?
E as dores congeladas dores?
(?)
Quem inventou o verão que nunca chega?
Quem inventou o calor que queima a palha seca?
Céus!
Natureza…
Aquecimento frio.
Confusão.
(o Cupido bebe Água de Coco doce para aplacar a sua sede)
———————————–
Os animais gelados mortos
não sabem da sede do verão
morrem no inverno
secos e frios
como estes invernos são.
———————————–
(…)
nas ruas da cidade de São Paulo
mendigos morrem felizes:
é o frio que os mata.
A VIDA QUE NÃO É MAS É
Posted in Fora de Conjunto on julho 29, 2013 by alvaroromaoQuem deu a mim a poesia?
quem me fez melhor que antes?
Quem sabe foi um rio de mortes
quem sabe foi uma chama que eu chamei de mãe.
Pensava que seria bom:
Quem dera se fosse azul
toda a paz deste planeta
num parto, nunca dor
sem vermelhos que não choram, sangram.
Seria calmo sonhar
seria, seria, seríamos ar
mas não seríamos nada
Que tem tudo que de belo encanta
vi que é fundo o poço que nos aumenta
e nos arbustos cresce a esperança.
A manhã não será virgem
As pulsões serão de flores,
ou não serão pulsões
As pulsões de um bate-que-bate
cores… figos… doces…
O mole cantar de um arrepio-pássaro
juba de abelha acesa ao sol
danças das nuvens de gente…
A Dor Quimera
Posted in Livro Poético Singular das Dores on julho 30, 2012 by alvaroromaoNão sou do amor a espera.
Meu perdão, a dor quimera
que busca insensata
no lusco fusco paixão
o que alija
o relógio do tempo
Sorrir em plena primavera
Que busca inacabada é esta
que me desprega os botões?
Que corte, que formas, que bela
é o alvo de meus canhões
doce floresta calma
balança carinhosa as folhas
em ventos secos
Ecos do seu verdor voejam
e pairam no ar
sibilas borboletas
joaninhas e abelhas.
Surge num instante
e some quando acaba.
Este fogo, Prometeu
esta brasa não consola,
mas liga o motor da natureza
esta forma não te apraz,
mas é assim que acontece
com os jovens e os velhos.
Só os apaixonados podem ver
que há beleza,
que os outros estão cegos.
PLANOS DE ARTISTA
Posted in Fora de Conjunto with tags Artistas on julho 30, 2012 by alvaroromaoMeu plano era ser palma
meu plano era ter alma
ser ave e poder voar
sem saber onde eu
deveria pousar.
Meu plano era ter um milhão
meu plano era ser da arte
mas meu plano não deu certo
o que havia de certo
em mim
não era meu.
Placas montadas
no meu ser:
O que havia de bom
o que eu precisava pra vida
estava no outro
na globalização mercantil dos sentimentos.
Meu plano era não morrer
e, se morto, abençoado ir pro céu.
Mas não deu:
a morte me espera na esquina
com uma faca
ou numa cama de hospital
ou na mão de um policial
estou nos planos da morte
e a morte não me dá mais tempo.
O dia em que o Brasil pegou fogo
Posted in Teatro with tags Brazil Fogo Álvaro Romão Peça Teatro um ator atores on julho 13, 2012 by alvaroromaoPeça de teatro para um ou mais atores
_______________________________
Eu vou contar uma história para vocês
mas pra isso precisamos de música
Dançam
O dia em que o brasil pegou fogo!!!
Acontece que antigamente no Brasil,
quando ainda tinha árvores,
Um jovem empresário comprou
adquiriu, pagou, tomou posse de
um pedaço de terra uma fazenda
um sítio
uma chácara
um retiro
um lote no Estado do Panamá.
Eu disse Paraná?
Isso. Paraná.
No sul do brasil.
Isso se deu num leilão
da Caixa Econômica Federal
que vendia em seus infinitos leilões
as suas terras e suas casas
para as famílias de todo Brasil
…
Mas isso era muito antigamente
…
quando ainda tinha famílias no Brasil
E esse Jovem empresário depois,
depois de comprar essa terra
lá no Paraná
Quis ver
mais de perto
e poder tocar
sentir bem colados
seus lábios a terra
por que a terra
comprada com o dinheiro
exigia.
Então foi com a família, de avião
ver as terras.
Foi de Avião
Por que a terra exigia pressa.
e a família morava no Estado de San Pablo.
Eu disse São Paulo?
Isso. São Paulo.
Chegando lá ele viu q a terra era boa,
os técnicos achavam a terra boa
e a família achou a terra boa
então ficou decidido que a melhor forma de
fazer aquela terra boa render
era plantando uma planta
uma planta nova
Uma pequena planta que dava grandes frutos
E com pouco esforço e sem nenhum custo
a terra boa seria a sua mina de ouro.
E as plantas
que eram pequeninas cresceram
e todos esperavam os
seus belos e suculentos frutos
que seriam vendidos
por muito dinheiro
pra muitos países
e daria muito, muito, muito
muito, muito, muito
lucro
assim como
dinheiro sobrando
pra qualquer bobagem
Quando chegou a época da colheita
o empresário juntou milhares de famintos
que pediam esmolas pelas ruas
sem ter o que comer
por que tinham fome
então pediam para ter o que comer
e assim iam mendigando
e assim iam contratados
e assim iam admitidos
conseguiram um emprego
tiraram a sorte grande
tiraram a barriga da miséria
O trabalho era simples
sem dificuldades para ser executado
não era necessário nenhuma experiência
não era necessário nenhuma experiência
não era necessário nenhuma experiência
somente um pouco de disposição e de bom humor
necessário em qualquer local de trabalho
Precisavam apenas retirar os grandes frutos
que aquelas enormes plantas novas
apresentavam sobre a boa terra .
Mas a medida que tiravam os frutos
viram que eles não eram tão grandes assim
eram pequenos frutos
frutos esburacados
por mordidas de vorazes ratos
que selvageristicamente comeram toda a colheita.
Pouco havia para colher
pois quase nada sobrou
só uns restinhos
e como bons empregados que eram
aqueles mendigos.
eram famintos, miseráveis
e pediam esmola.
Mas
na hora do serviço
levaram todos aqueles restos de frutos
em cestos grandes de palha grossa
preparados para suportar peso
encordoados com as palhas das plantas grossas
que plantam em Napalme.
Eu Disse Natal?
É isso mesmo. Natal.
Musica Natalina
O patrão
aquele que antes era o jovem Empressário
foi chamado para ver o fato
e foi de San Pablo ao Panamá de avião
pois a terra exigia pressa
Assim que viu a cara dos frutos
culpou os mendigos
que trabalhavam na colheita
chamou-os de ratos e ladrões,
que deveriam ter dinheiro para comprar
comida
ao invés de lhe roubarem
às mordidas
assim
os seus frutos.
todos foram demitidos
dispensados
expulsos das terras
e como indenização tiveram que deixar seus trapos,
animais de estimação
botões
flores
brinquedos
e filhos
nas terras do Empresário Patrão.
Mas isso foi muito antigamente
Quando ainda tinha patrões.
O Empresário Patrão então
como bom brasileiro que era
sabia que desistir era coisa de pobre.
Mandou contratar 20.000 chineses
com um empréstimo que conseguiu.
Muito dinheiro emprestado pelo BNDS.
E só deveria pagar
quando
e se tivesse lucro.
Fez a lavoura nova,
com plantas novas
que mesmo pequenas
davam grandes frutos
A novidade foi enorme para os chineses
eles plantavam plantas grandes que davam pequenos frutos
então tudo que era pequeno eles viam como fruto
e tudo que era grande eles viam como planta
mas agora estava tudo trocado
grandes eram os frutos
mas pequenas eram as plantas.
Os chineses não se acostumavam
e quando chegou
a lua certa para a colheita
já não havia sequer mais um chinês
voltaram todos para a China
muito confusos com o tamanho
daquelas plantas tão pequenas.
Daí foram contratados 4.000 norte americanos
pessoal especializado
com maquinário caro e pesado
pra fazer a colheita daqueles tão grandes frutos
Como vieram de caiaque
remando em alto mar
contra todas tempestades
e feras marítimas lutando
a colheita só começou
na lua minguante
e novamente os ratos já haviam levado
a melhor e mais doce parte
daqueles maravilhosos frutos
Os americanos disseram
Foram os Ratos
4.000 americanos disseram:
Foram os ratos
não há dúvida.
Rats Were.
There is no doubt
Rats Were.
There is no doubt
Foram os ratos
não há dúvida.
Rats Were.
There is no doubt
Rats Were.
There is no doubt
4.000 americanos que disseram a mesma coisa
Rats Were.
There is no doubt
Não havia como discordar:
Os especialistas americanos,
que já estavam acostumados a plantar
aquela plantar aquela planta nova
que embora pequena dava grandes frutos,
disseram todos
Fire kills until the rats
O fogo mata
Fire kills until the rats
Ratazana
Ratazana
Ratazana
Ratazana
Ratazana
Fez vir da bolívia muitos pedaços de pau
gasolina, querosene,álcool
e fez uma grande fogueira
a maior ja vista
maior que a de Ezequiel
maior que a de São João
Maior que cancela do fogo
que queima lá no inferno
Botou fogo
na terra para matar
os ratos
e assim secar
a descendencia dos ratos.
O fogo lambeu o chão
e secou tudo que poderia
antes servir
de comida para os ratos
Ele, assim que as chamas baixassem
teria sim sua terra livre daqueles ratos
E poderia plantar a planta que quisesse
que os ratos não estragariam mais seus lucros
Os americanos
estavam errados
como se viu depois
os ratos que não morreram pelo fogo
e foram muitos
foram se refugiar nas plantações vizinhas
que tinham plantas velhas
Grandes plantas velhas
com pequenos frutos
do tipo que que os chineses gostam.
A comida não era tão boa,
mas os ratos não podiam escolher
e antes que desse tempo de perceber
eles já estavam infestando todas as plantações
comendo, mordendo e ceifando
o lucro dos donos daquelas terras.
Foram ao governador
reclamar dos ratos
Mas isso foi muito antigamente,
no tempo em que ainda havia gobernadores
O governador autorizou uma queimada gigantesca,
o estado inteiro do Panamá
seria queimado,
no dia 25 de Dezembro começaram
e acenderam olhos de tochas mil
e como juízes atearam fogo,
no menor espaço,
em todos os cantinhos
onde um rato e sua família pudessem se esconder
eles queimaram tudo.
Quando já não havia mais ratos no Paraná
somente um cheiro forte de pelo de rato queimado
voava entre as labaredas
no vento que soprava forte
do mar para o interior.
Foi aí que começou a guerra.
Os americanos
ajudaram os governadores colombianos
a executarem um plano
no equador,
para treinar os peruanos.
Treinados, eles foram pra Argentina
para se encontrar com os paraguaios
e saindo do Uruguai entraram no Brasil.
Já nas terras brasileiras
começaram a roubar as garrafas
todas as garrafas de água mineral
que encontravam
no comércio
nas estradas
nas cidades
nas menores vilas
e nos grandes cruzamentos
eles,
os peruanos e os paraguaios
conseguiram acabar
com toda a água que tinha no Brasil.
Sem água para beber
Os brasileiros tiveram que ficar dias,
meses, anos
bebendo só cerveja…
foi um tempo muito difícil para os brasileiros
pois todos os banheiros viviam lotados.
Foi numa noite inspirada então que o Presidente
preocupado a migração dos ratos
e querendo por
um ponto final
na guerra da água mineral
mandou que o Brasil fosse evacuado
mandou que as granjas recolhessem todas as penas
de todas as galinhas e frangos
para ajudar na grande fogueira brasileira
pelo fim dos ratos
pelo fim da guerra
em defesa da família,
da moral crista,
e da pátria.
O Brasil inteiro virou uma fogueira
e todos os que ficaram
os pobres
os animais doentes
as plantas
pequenas grandes
as florestas
os rios
as águas
tudo foi pelos ares
em cinzas
em vapor
o brasil se desfez
e então fizeram este grande pasto
Colocam comida pro gado
as seis da manhã
ao meio dia
e as nove da noite
o gado dorme a noite
sob a proteção dos cães de guarda
E assim proibiram a entrada de ratos nas fronteira,
cobrando passaportes e tudo o mais
os únicos ratos brasileiros que sobreviveram
foram morar no estrangeiro
alguns no Oriente Médio
Na Arábia Saudita
Outros foram pra Miami
e alguns poucos foram achados quase mortos
com água nos pulmões e
as patas queimadas
no norte da Groelândia
lá fundaram uma Organização em defesa dos Ratos
e para guardar a memória da grande fogueira de ratos
que queimou o Brasil
Mas isso foi antigamente
no tempo em que existiam ratos
no tempo em que existia gente.
_____________________________________
As crianças escondidas
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoMaça contundência
policial vontade
presteza arranha-céu
docilidade pé-de-moleque
começo criança
meio adulto
velho fim
Morte Sinistro
Benção Deus
Infinito Magia
matança
natureza
Cheiro Corno
Casca Comboio
Creme Pasta
Corte Faca
Casto Coito
Corte Cama
Colo Pente
Cova Cava\
Campo Claro
Canto Morte
Corte
Catorze por quarenta
Mata doze por semana
é um grande batalhão!
Quase fica o morro todo no chão
é muito tiro que explode
E nos corpos se colam, feito sanguessugas
E os corpos caem ou correm
Mataram a doninha do Armazém
E o Juninho que cortava os cabelos
A comunidade já não é mais a mesma
Chegaram ao Joquinha
Que calava a boca do povo
com seu sambacolejo de bêbado
Quase levaram-lhe a filha, pobre coitado
Mataram a tropa de cães vadios
As crianças já não podem sair
Engoli todo este tempo
toda esta droga
E toda a casa foi invadida
Antes só a minha
Mas as dos vizinhos, notei
são invadidas com mais delicadeza
Mas, como eu
os vizinhos escondem as crianças.
Há uma praia
uma praça
um canto de jardim
aberto ao campo
lugares agradáveis
vigiados policiados observados
sôfregos guardas
assassinos disfarçados de civis
só esperam a hora exata de agir
Voltar à ativa
da cadeira elétrica
A vida que é essa
asca vida
… Voltar à
Ativa!
Faca afiada
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoEu quero uma casa
pra morar e preparar
o plano do futuro
é preciso planejar
isca morta
falsa morte
quero a vida
quero a porta
a janela
dois andares
uma casa
seja torta
pra morar e planejar
o plano do futuro
é preciso planejar
uma casa
uma forma
de morar
a gaveta
que guarde
a faca
afiada.
A tristeza por dentro da flor
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoHá um grande obstáculo a ser vencido.
Há em todos nós uma força.
Há amor onde há pessoas.
Há tristeza por dentro de todas as mansões.
Há calafrios em todas as noites.
E há mulheres em todas as religiões.
Há um grande inimigo a ser vencido.
Há em todos nós uma venda.
Há amor onde há pessoas.
Há tristeza por dentro das vendas.
Há o ar frio das noites.
E há mulheres, algumas jovens, à venda.
Há uma certeza a ser vencida.
Há em todas nós uma dor.
Há amor onde há pessoas.
Há tristeza por dentro da flor
Há o querer não ser das noites
E há mulheres que cheiram orvalho
Há uma noite a ser vencida
Há em todos nós uma certeza.
Há amor onde há pessoas.
Há tristeza por dentro, acesa.
Há na vida presente açoite.
E há mulheres, sabidas presas.
Desejo colorido
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoQuero uma lua nova
branca de esperança
uma casa rosa.
uma dor que alcança.
a intocável e azul beleza.
O Dinheiro
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoFruto colorido
da injusta exploração
Se me sobra fico besta
Se me falta morro cedo
O dinheiro, esta alegria
não atinge o coração
pois quando chega logo vai
fica a saudade, a solidão.
Vais colher umas flores no campo
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoAs torrentes de gente que vivem sem ver-se
perdidas
as minguantes apodrecidas casas luxuosas
vendidas
E o martírio diário que guarda os segredos
das empobrecidas
Esta força latente, sofrida,
esta morte presente, vivida
este porte da gente, caída
Contraditas as feitas
destruídas as chagas
toda as sortes vencidas
Agora vais colher umas Flores no Campo
Não há vida sem colher umas Flores no Campo.
Choro atrasado
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoSaio de casa um ano antes de te encontrar,
mas quando chego, já é tarde, talvez cansada das esperanças
tenhais saído louca a soluçar
num outro tempo ainda, devagar.
Sempre atrasado, macambúzio
meu prisioneiro íntimo
um choro que quer se libertar
lágrimas que buscam juntar à chuva pra ir pro mar.
O suspiro na espera
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoUma só passagem de tempo
tem duas diferentes contagens
de um lado, a constância de viver,
de outro, o esperar.
Um milhão de horas, passo sofrendo a esperar.
Dois segundos duram a constância da vida,
é o tempo de um longo suspiro.
O suspiro na espera custa meses a passar.
Pequeno
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoÉ inevitável, que se tanto se fez
que se tanto se deu
Ó, Senhor, o coitado
Você mesmo
você que, de tão tolo, se percebe
como se um Deus fosse.
É inevitável que sofras,
e que lamentes a morte
daqueles que são
os seus pobres amigos
Que a vida se faça,
matando as verminoses alegrias.
Que a vida se faça do jeito dela,
A obrigar você, tão potente e generoso
a abandonar suas esperanças.
Ilusões, as esperanças
comem as folhas do futuro,
presenteando-as.
É inevitável a morte
que evita a vida,
mas dela se faz.
Ponte, amor ao fim
Poste, enfim lumiar
Porto, você chegar.
Outono doce dos meus olhos
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoAs cores do Horizonte são únicas,
Terras do céu cercadas por olhos doces.
Rosas, azúis, fractais da imensidão
Parte luminosa, a percepção.
A praça das Igrejas
Posted in Fora de Conjunto on março 21, 2012 by alvaroromaoA Igreja lotada
uma, duas, três,
várias formas de chegar a deus
Dentro do templo
as pessoas ajoelhadas
pensam em Jesus,
com a salvação preocupadas.
Jesus Menino
Jesus Milagre
A cruz de Jesus.
Sem a graça de Deus,
mendigos
doentes mentais,
menores abandonados
carregam solenes
cada um a sua cruz:
Passam fome
não têm nome
e apanham da polícia.
O sino repica, indica
que a missa começada aguarda.
O atrasado crente apressado
quase pisa naquele lixo deitado.
Nem viu, era um ser humano inchado
Profissões
Posted in Livro Poético Singular das Dores on março 19, 2012 by alvaroromao1
Faxineira procura
mas não acha
o amor é uma loucura
Marta Rocha da Silveira
Faxineira
Mas diriam puta
Por ser pobre
em seus panos
maltrapilhos
Faxineira
com orgulho
limpa a tua sujeira
patrão porco
A faxineira limpa a sujeira do patrão
que é um porco
corpo porcoral
porco de faxina, chiqueiro.
2
Jogador
de futebol
machão
comedor
fome de bola
faz gol
e assim
consegue ser feliz
come grama
dá carrinhos
casa, tem filhos
com a esposa
e assim consegue ser feliz
jogador de futebol
vira comentarista
de futebol
pois só os jogadores de futebol sabem sobre futebol.
3
O jogador de futebol
se casou com a faxineira
A casa era limpa
sobretudo aos domingos
dias de jogo
havia visita
na casa da família.
O patrão Porco
chamou a faxineira
para ver um futebol
a faxineira disse que
era casada com o futebol.
O patrão Porco
visitava a faxineira
todo domingo
havia visita na casa da família
O dia começa com missa
o dia termina no inferno
um fogaréu tremendo
o fim da concentração
E a faxineira em casa
teria cama e mesa fartas.
O jogador de futebol
recebeu dispensa do trabalho
Voltou mais cedo pro lar
E todo domingo havia visita na casa da família.
O patrão porco
tentou se explicar
com um chute
entre as pernas
do jogador de futebol
A faxineira arrumou a casa
O jogador de futebol
sofrendo
foi rever seus vídeo-tapes.
O Diabo Apaixonado
Posted in Livro Poético Singular das Dores on março 18, 2012 by alvaroromao1
Celerado, o próprio diabo
se viu certa vez apaixonado
e após tantas maldades,
o coração indiferente
bateu acelerado.
Como esquecer do passado
e ter nas mãos o fardo
de encarnar a bondade?
Como assumir-se diabo
e mesmo assim apaixonado?
No meio de tanta maldade
o diabo fez casa, reinado
e agora embalado
por cantigas de amor malvado
o diabo é pano
marionete, manipulado
nas mãos do amor o diabo calado.
Seu amor não apanha,
não há tortura nas mãos do diabo
amor de diabo amor.
E o diabo
mesmo amando
escondeu, segredo, piada
a vergonha na família
um diabo que ama?
Que maior palhaçada!
Eu não amo, dizia o diabo
com cara de apaixonado.
Mandaram, não havia saída
que matasse seu amor.
Todo caso de amor, pro diabo
é um homicídio.
E não havia saída
matasse ou deixasse de ser diabo.
E o diabo,
apaixonado,
desistiu de ser malvado
foi no amor encontrar, suado,
a paz que não tinha
no malvado passado.
Durou pouco é verdade,
o amor não é engessado,
o diabo esfriou seu cajado
e foi calmo se deitar.
Sem motivos pra levantar
por lá ficou separado
do contato com a realidade
do ser bom ou ser malvado
no conforto do amor
se ajeitou o diabo.
Só que o tempo passou,
passou o amor
pra outro lado do inferno
em que ele morava,
e todo conforto se foi
com o amor ao seu lado.
Ainda tentou, tolo diabo
reconstruir seu reinado
com as maldades mais novas
que havia criado
enquanto estava deitado.
Mas, pobre diabo,
já não era mais o mesmo
e em cada maldade
deixava escapar
por descuido calculado
mensagens do amor provado.
O assassinato não se cumpriu
por que o diabo estava emocionado
com o blues rasgado
que a vítima cantava.
O terremoto só destruiu a prisão
onde havia um pobre coitado
amante encarcerado.
E foi o diabo.
Até hoje não é mais o mesmo.
Esta dorzinha do amor
vem da mão dele
que pinça gracejos
nos nossos casos.
O êxtase, bendito e desejado,
é só uma tentativa do diabo
de nos matar:
um ataque cardíaco disfarçado
nas cores do amor pintado.
2
Em todo caso,
só conto os casos do diabo
mais por gosto de contá-los
que por acreditá-los, é claro
o diabo é um grande contador de casos.
Nisso é insuperável…
Conta casos de ciúme,
de morte e violência
do desespero de mães,
que tem os filhos crucificados
conta a vida das putas
e das gentes honestas
dos padres e dos não padres
o diabo sabe de tudo,
mitologia
bruxaria
anarquia
o diabo é um anarquista
exímio contador de casos.
Algumas frases que o diabo disse
muito me ficaram marcadas.
Sempre é interessante
discutir política ou economia
ou a condição social dos finados árabes
suas posições são demoníacas:
o problema do omunismo são os omunistas!
E tive que engolir esta máxima!
o problema do omunismo são os omunistas!
3
Mesmo sendo ele o diabo,
algumas de suas posições eram boas.
Coisas do amor…
Ele continua contra o desarmamento,
mas sustenta secretamente
uma fábrica de livros sobre direitos humanos.
Desce de escada pra subir de elevador.
Quando encontra alguém interessante
ele vira um galã
sem paciência
um galã gasto.
Mas sorri e agrada
com um sorriso do capeta
convida pra subir
chama a chama
pouco a pouco
faz suas vítimas.
A morte é um gozo.
Na hora da morte o capeta brinda a existência
e não consegue exterminar vidas alheias
outrora tão comum
sem lhes dar o último e fatal prazer,
donde saem semivivas
prontas a servirem a seus vis interesses.
E o capeta não se arrepende.
Manda flores pra família.
Manda bombons
e vai a todas as missas de sétimo dia
o capeta é esperto.
4
À noite, cuidado.
O belzebu anda a solta
sem vergonha
bebendo e cantando.
Ele vai te chamar
você irá,
vai conhecer o inferno
em três goles
de conversa jogada fora
você irá
e ele não terá piedade
a não ser que você conheça uma boa música
pra cantar e niná-lo
o demônio é carente e adora ser ninado
a mãe desse diabo que sabe.
Aos poucos é certo,
você será surpreendida
por uma carinhosa rasteira
por ele desferida.
Anos se passarão e você não notará a rasteira.
Após algum tempo, já caída
perceberá a rasteira.
Ah, mas aí já é tarde demais
sentou, agora deita!
5
O plano do capeta
sem escrúpulos por essência
é feito só por maldade
Ele pincelará de amor
por que gosta de suas cores
ele chamará
os pássaros para cantarem suaves melodias
e os assovios excitarão o mais frígido dos padrecos.
E dirão que o diabo é excitante
vermelho peludo malcheiroso.
Mas o diabo, já cansado
galã gasto, ocupa-se de enganar
mais por hábito que por prazer
Ultimamente tem abusado
das mensagens de amor
em suas carnificinas:
Mesmo com toda a resistência
que os humanos tem ao amor
e o horror que temos do assassinato
Cada vez mais matanças de amor.
Eu te amo! Eu te mato!
Esta mania pegou
E as pulseirinhas já estão esgotadas nos Shoppings.
Eu te amo! Eu te mato!
Todos os atores da tele-histórinha
já usam a marca I Love I Kill
E tá todo mundo se amando e se matando
uma beleza!